Só droga, tabaco não por Hernâni Carvalho

'Vai haver salas de fumo nas prisões. Fumar é muito perigoso para a saúde. Chutar na veia é que pode ser em qualquer cela. É um fartar vilanagem. O desnorte é tal que a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) anunciou que vai permitir a criação de zonas para fumadores nas prisões. Isto é, a DGSP vai fazer a subida fineza de permitir aos presos fumarem. Na sua magnanimidade, a DGSP diz que vai autorizar que se fume, mas com regras. Claro! Fumar é tão perigoso que não é em qualquer lugar da prisão que alguém se pode atrever a fazê-lo. Claro. Não vai ser pegar na beata e acendê-la, assim, “à brava”, sem mais nem menos. Isso é perigoso! Já a droga não. A droga que pode ser consumida em qualquer cela. E a DGSP até serve kits para que a droga seja consumida em condições. E até diz que vai dar formação aos guardas para entregarem os Kits. Pois. Os anjinhos não sabem. Mas com o consumo do tabaco não. Aí todo o cuidado é pouco. O consumo de tabaco é tão perigoso que a criação das áreas de fumo nas prisões, está dependente da iniciativa dos directores. Ou seja, se o senhor director deixar, os presos podem fumar. Se o senhor director não deixar, os presos só se podem drogar. Estou a ver. Claro que a excepção será aberta se um dia o presidente da ASAE for detido. Aí aplica-se a lei do jogo que se sobreporá à lei da droga. Perdão, do tabaco. É o desnorte e o cinismo total. Os presos que fumam também deveriam exigir um kit para fumar. Talvez com um isqueiro, um cinzeiro e um pedido de desculpas do governo por pretender a estupidez de controlar o uso do tabaco nas prisões quando nunca conseguiu controlar o uso e consumo desmedido de drogas em qualquer prisão do país. É o cinismo no seu melhor. O ministro das Finanças não soube explicar (será que sabe explicar alguma coisa?) a José Sócrates que os fumadores são os melhores pagadores de impostos do país. Pagam uma fortuna de impostos, e não dão despesa. O dinheiro dos impostos sobre o tabaco chega aos cofres do Estado sem que este gaste um tostão. O combate à droga é uma despesa permanente de resultados medíocres. Nem o combate ao consumo tem tido sucesso, nem a sua fiscalização é barata ou eficaz. Quanto gasta o Estado nisto? Sócrates não soube ver. Asae. Perdão, Azar.'
Hernâni Carvalho, Terça 8, às 9:03

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